José Buarque Borges
O
artista acrescenta seu eu íntimo á sua obra.
Entendemos
como artesão aquele que só consegue reproduzir percepções evidentes e
superficiais do seu consciente. O artista cria. O artesão imita.
Muitos
se proclamam artistas, quando na verdade são artesãos, apelidados de artistas
por auto-presunções, ou pela crítica leviana ou incompetente. O artista é uma
esteta enquanto o artesão é um semântico. O nível de percepção do artista é,
assim, infinitamente superior ao nível de percepção do artesão. Enquanto a obra
do artista transcende, a obra do artesão restringe-se, à semelhança do ato
sexual praticado com ou sem amor.
Os
palhaços confessos por trapaça e os ingênuos, os folclóricos, os espertos e
oportunistas, de consumo fácil decorrente das aclamações sócio-culturais dos
medíocres, descansarão no silencio do anonimato e do esquecimento. Porquanto a
Cultura, ao longo do tempo, distingue o joio do trigo e destacará apenas
autores e obras que, pelos seus valores intrínsecos e de contribuição,
merecerão constar do contexto histórico da arte.
Fernando Lucio é um artista.
José
Buarque Borges, 1995 – Recife – PE
Inaldo Cavalcante
“Dificil a jornada a
nós concedida. Encantatória. Em um tempo onde não há mais presente e sim
atualidade, onde a meditação é prostituída na descontinuidade da mídia, onde a
palavra se reduziu a fofoca, Fernando Lúcio nos convida a caminhar por uma
visão do avesso de nós, vertical compromisso com a paisagem interna não tão
habilmente sufocada no horário nobre das telenovelas”. (...)
“Andarilho
dos seus caminhos, e porque artista-andarilho, ele faz a partilha dos frutos –
singular comunhão que a arte concede, e nossa é a contemplação e a coragem de
experienciar estética e vitalmente o sumo desses frutos. E porque andarilho,
ele nos diz do labirinto, das errâncias da aventura humana”. (...)
“Frutos
da lunação do labirinto, temos esses
quadros figurativos, representando como que cenas do olhar em transito. Uma
imagem se destaca embora em varias facetas e detalhes permanece una: a anima”.(...)
“Enfatizemos
a coerência artística das telas de Fernando: os temas se interpenetrando com
diferentes níveis emocionais e homologias simbólicas (o lado YIN). As
composições de viés clássico articulando o espaço para os sonhos da cor e do
coração”.(...)
“Que
mais exigir do artista além de oficiar o casamento entre a verdade e a beleza?”
Inaldo Cavalcante, 1991 –
Recife – PE
Jacques Weyne
Como
aquela criação que embora de época posterior contém-se na origem; que se rebela mas a índole a
detém; que traz o vírus do novo e os genes da antecedência... Assim comparo, em
especial, o espírito da paleta de Fernando Lúcio. Repete o Divino Mistério como o de ser o Pai
e o Filho ao mesmo tempo!
Fernando
Lúcio tem a propriedade de trazer o moderno embutido no tradicional numa união
tão perfeita como a dor e a alegria estão contidas numa lágrima. Como o pai
está contido no filho, uma árvore na semente, o ontem no hoje e o hoje no
amanhã.
Jacques Weyne, 1990 – Recife – PE
Vicente Masip
Vários Críticos têm comentado sua obra
com acerto, entre eles o professor Isidro Queralt Prat, indiscutível autoridade
no campo das artes plásticas. De formação
eclética, percebe-se a presença marcante de um grande pintor
impressionista espanhol, valenciano, que, embora pouco conhecido no Brasil,
impõe-se no mundo pela sua técnica e força cromática: Joaquim Sorolla y Bastida
(1863-1923). Fernando Lúcio consegue assimilar o pintor da luz. Nota-se,
também, em menor grau, influências de El Greco (1541-1614) na estilização e
posturas de alguns retratos, assim como Velazquez (1599-1660) em certos nus de costas.
Fernando realiza uma proeza no meio pictórico nordestino: pintar sem
justificar-se, alheio à procedência ou ao alcance do que produz, despreocupado
com a repercussão ideológica das obras e
aberto a todas as tendências e escolas que possam enriquecê-lo e relançá-lo
sempre mais longe”.
Vicente Masip, 1990 - Recife – PE
Paulo Azevedo Chaves
Em seus trabalhos, Fernando Lúcio
procura captar o momento da paisagem ou dos modelos vivos, os movimentos da
dança, em pinceladas ágeis e seguras, demonstrando seu permanente
desenvolvimento na técnica tanto gráfica como pictórica e no estudo
anatômico. Pode-se sentir que em sua
série de dançarinas o artista reverencia Degas, mas imprimindo uma visão
contemporânea às pinturas e desenhos.
Numa obra feita de lirismo e emoção,
o artista longe de fazer transcrições servis da realidade observada, nela
reverencia a Natureza sob uma ótica própria, numa produção vasta e contínua que
lhe granjeou prestigio em nosso meio artístico.
Paulo Azevedo
Chaves,
Diário de Pernambuco, 20
de outubro de 1987 – Recife – PE
Orley Mesquita
“Tudo
na pintura de Fernando Lúcio converge para recriar, em nós, a docilidade mesma
da luz, a confidência velada e displicente dos modelos e um pudor quase
infantil ao lidar com as dádivas do sonho.
A
nosso entender, o que há de mais importante na sua pintura é que o seu
compromisso maior entre o homem e a natureza jamais foi rompido”.
Orley Mesquita, 1983 – Recife – PE
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