sábado, 16 de julho de 2011

DESENHO: UM CONTATO COM A NATUREZA QUE ME LEVA A REALIDADE DOS SONHOS





Todas as formas que passo para o papel são como sonhos se materializando, do mínimo traço a uma mancha, são linhas que vão me conduzindo e ao mesmo tempo dando um determinado prazer, um prazer de desvendar uma mensagem ainda indecifrável, sinais que inquietam a minha mente e me trazem sensação de que haverá algum desfecho final. Sempre gostei de desenhar, não de riscar por riscar, mas, quebrar o vazio do papel em branco com a mente. Gosto da forma real, como base de todas as coisas, mesmo dos sonhos, que já têm uma predominância surreal. Captar uma imagem, observando, vendo o mundo e codificando mesmo em pequenos traços, é como se eu conseguisse tocar um pouco na mão Divina, sentir a energia que move todas as coisas.









Desde criança, gostava de desenhar, olhar e refazer no papel o mundo, eu sentia que tudo crescia a partir desta experiência, pois quando eu queria, em outro momento, podia redesenhar aquela idéia já sem precisar olhar, apenas traduzindo o que eu sentia da forma. Fascinava-me sentir este domínio sobre a natureza, como se caminhasse lado a lado com ela. Na escola, convivi com a reação das pessoas sobre a minha fascinação em criar imagens, muitos colegas me procuravam para que eu fizesse um desenho, como quem falasse: foi ele que viu o mundo ser criado. Ao querer aprender mais sobre o desenho, fui descobrindo que teria de estar sempre praticando, pois naturalmente sentia, que, se não praticasse, as linhas ficavam duras e os traços tornavam-se lentos.





Ao entrar na Escola de Belas Artes, vi que o mundo do desenho era ainda mais mágico, pois, ele fazia parte da criação de todas as obras de arte. Conheci vários mestres, uns me falavam que o meu trabalho seria o resultado das minhas horas vividas no desenho, outros diziam que com o desenho eu conseguiria aprender a pintar e a esculpir com mais domínio, que ele seria a grande chave para o meu crescimento na arte. Mesmo assim, com todo aquele estímulo não cheguei a ser um desenhista plenamente acadêmico, não tinha tanta paciência para passar horas e horas em um só desenho. Mas passei a ser um desenhista da vida, buscando formas nas ruas, nas praças, nos teatros, nos bares, na natureza, etc. e por um certo tempo, freqüentava academias de dança e ficava desenhando o movimento do corpo, que era para mim algo sublime, e depois disto senti que meus quadros pareciam se movimentar, como se passassem a dar uma sensação cinética. Quando muitos precisavam de um lápis para escrever e planejar, eu o usava para fazer rabiscos que me levavam sempre às boas idéias.








Os códigos do desenho são infinitos, eles me agradam do mais simples ao mais complexo e nunca poderia imaginar a construção do meu trabalho sem um papel desenhado antes, como uma maquete essencial vinda da alma. Amo o desenho e o sinto como o sopro constante da vida na minha arte.