domingo, 21 de novembro de 2010

MINHA ARTE ESTÁ EM SINTONIA COM A NATUREZA, SINTO-ME NUM UNIVERSO DO SÍMBOLO E DA BUSCA


A minha pintura reflete um pensamento Simbólico, Esotérico, Político e Psicológico, não busco padrões ideológicos mutantes (moda). Pinto a natureza não só por querer captar as cores e as formas, mas por sentir-me integrado ao seu estado harmonioso, puro e perfeito. Gosto de recodificar imagens e buscar a essência da vida em seu estado natural, sentindo os impulsos dos signos da vida, gosto de sentir as transformações atmosféricas e a força dos elementos, dentro de uma alquimia, com a água, o fogo, a terra e o ar. Sou fascinado pela luz do sol, uma chama de força universal, pinto a água como extremamente necessária à existência, para abrandar o fogo do sol, o reflexo na água me dá uma certeza de que a vida é um espelho constantemente iluminado, representa a dualidade embutida no ser, o concreto e o abstrato, o consciente e o inconsciente. Quando pinto uma paisagem, sinto a terra como uma massa de vida, a água como a seiva da existência, o ar como o sopro da alma. A luz é o fogo e a fonte das cores, e são os estados de emoção, do qual, não podemos fugir.  







O “Unicórnio”, representa a força da sexualidade sublimada. Uma virgem nua, abraçando um unicórnio num plano transcendente, enquanto o seu corpo físico repousa sobre uma pedra, a beira do mar. A “Dama do Lago” é uma mulher que brota de dentro de um casulo, ao lado dos seus guardiões, que não podem mostrar as suas faces, uma entidade que brota da mãe-terra, tem ao fundo uma janela para outra dimensão, que representa a evolução da natureza em seus vários níveis. Não faço referencia a Dama de Lago, guardiã da Ilha de Avalon, das terras do Rei Arthur e do Mago Merlin, mas apenas a uma dama que faz sentido para mim.  
 





Não tenho muita afinidade com a paisagem urbana: o sólido das paredes, o paralelismo do espaço, o concreto dos retângulos, é sempre uma prisão para o seu espírito. Pode surgir um ou outro quadro engajado, mas prefiro libertar-me e trabalhar com a natureza, que casa com a minha liberdade de pensamento estético. “Las Grietas” (As Fendas), foi uma série de gravuras realizadas na Espanha, (1996-2001) representa as chaves “do bem” e “do mal”, inexistente no mundo real, sem acesso, apenas através das “Grietas”, um momento de conflitos, uma luta pela identidade do ser humano. Bem aventurado aquele que busca entender as suas próprias razões.
 





Como protesto ao fechamento da Escola de Belas Artes de Pernambuco, em 1978, afinado com as gravuras de Goya, fiz um trabalho intitulado “Horrores de uma Catástrofe”. Este quadro foi publicado no Diário de Pernambuco (1979). Representava vários indivíduos chorando, delirando e, alguns esqueletos pelo chão. Produzi este trabalho ao som da nona sinfonia de Bethoven: “a catástrofe era a morte da nossa Escola de Belas Artes de Pernambuco”. Na minha pintura se observa conteúdos de conotação social, mas, sempre demonstro um ser humano, às vezes, amputado das suas próprias ações, sem poder de decisão, um fantoche que pensa controlar seus movimentos.